Convencionou-se chamar de voto de protesto a eleição de candidatos cômicos e sem passado na militância política, como no caso do deputado federal mais votado deste ano, Tiririca. Há 4 anos havia sido Clodovil Hernandes e em 2002 o Sr. Enéas Carneiro. Longe de configurar um protesto real, a eleição desses candidatos é fruto da despolitização, da total falta de crença do eleitorado no sistema político do qual participa. Talvez um nome mais apropriado para esse fenômeno fosse voto de indiferença.
Porém, esse ano tivemos um fator diferente na eleição, o Partido Verde. Marina Silva apareceu como terceira via no sufrágio e acabou proporcionando boas votações para o candidato ao senado por São Paulo, Ricardo Young, que apareceu em quarto lugar com pouco mais de 11% dos votos. Acredito que a boa votação alcançada pela candidata, apesar de suas qualidades, não foi ideológica, mas fruto do verdadeiro voto de protesto executado pelas pessoas que não se conformaram com o clima de referendo imposto ao pleito e queriam expressar sua insatisfação com os dois partidos que tem se revezado no poder, PT e PSDB.
Marina colocou a sustentabilidade em pauta, o que é um grande mérito. Fez uma grande campanha e custou ao PT a vitória no primeiro turno. Mas teria a ex-seringueira lançado raízes sólidas para desde já ser considerada um dos candidatos favoritos para as eleições de 2014? Dificilmente. A onda verde, como foi chamada a arrancada final de Marina, é realmente uma onda: quebrou na praia e agora vai voltar e se dissipar no oceano. O partido verde brasileiro é o reduto do candidato em cima do muro. Quem não quer vincular a imagem a um dos grandes partidos e a nenhuma causa polêmica entra no PV, que afinal de contas tem a bandeira do meio ambiente, defendida por todos. Tome-se como exemplo a posição do partido no segundo turno. Poderia ter apoiado qualquer um dos dois oponentes, não está comprometido com nenhum dos projetos, não obstante Marina ter participado por tanto tempo do governo do PT. O posicionamento dos candidatos sobre os temas ligados ao meio ambiente não vai ser determinante para a migração dos votos de Marina no segundo turno.
Marina Silva representou nestas eleições, mais do que uma opção, uma válvula de escape de todo o eleitor que acreditava que os dois candidatos majoritários não eram bons o suficiente, sobretudo os que mantêm uma visão de esquerda e achavam que Dilma ou o PT não eram a melhor saída. Finalmente um protesto de verdade.
Meu querido, texto bem interessante. Fui descendo a barra e vi que você também desenha: gostei bastante. É bom ver os "assucedidos" dos amigos!
ResponderExcluirAbraços, Goiaba.