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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Duas histórias

             Estou com uma amiga no teatro. Começa um monólogo cheio de tensão, com o ator parado ao lado de uma cama de hospital com a cara mais lúgubre do mundo. Ele começa a descrever o “desaparecimento” de sua mulher, sua solidão no mundo, a rejeição na sociedade. Explica que é suspeito de um crime hediondo. No auge da agonia ele relata como sua mãe foi atropelada e morreu na sua frente, quando ele tinha apenas sete anos. Nesse momento minha amiga se aproxima da minha orelha e sussurra: 
- Eu acho que esse cara ta com algum problema...

                                                                     ***

            Entro numa dessas lojas que o paulistano chama de doceria, mas que só vendem coisas industrializadas (O bom caipira sabe que uma doceria tem doces caseiros, sobretudo quindim). Pergunto pra um dos vendedores onde encontro um saco de Sonho de Valsa e ele grita para um colega do outro lado da loja:
           - Zé, mostra o Sonho de Valsa pro rapaz! Atravesso a loja até o lugar onde o Zé está e pego o bombom. Pergunto pro Zé onde tem pirulito. Ele se vira pro primeiro cara e grita:
           - Cidão, mostra o... para, com o braço estendido, pensa por um segundo e completa: “saco de pirulito pro rapaz”.

domingo, 29 de julho de 2012

Os 800 mil ou Meu Veríssimo Preferido

Tempos atrás achei num sebo um pequeno livro com uma coletânea de textos e charges sobre o governo de Fernando Collor, produzidos por três grandes autores brasileiros, Jô Soares, Millôr Fernandes e Luis Fernando Veríssimo. O nome era genial: Humor nos tempo do Collor.

Entre os trabalhos de Veríssimo estava uma pequena crônica chamada "Os 800 mil". Dotado de uma fina ironia, ela expunha toda a demagogia das declarações de Mário Amato, presidente da Fiesp na época, que afirmou que 800 mil industriais deixariam o país caso Lula chegasse a presidência em 89. Para fechar, uma perspicaz tirinha completando o adágio que diz que todo brasileiro é corrupto.

A crônica ficou na minha cabeça. Dia desses tive vontade de ler novamente, procurei na internet e não achei em lugar nenhum. Como é possível não ter um texto do Veríssimo da internet? Até os de outras pessoas levam o seu nome! Tomei a liberdade de transcrever e agora publico aqui, pra compartilhar com as 3 pessoas que leem esse blog...


Os 800 mil
 por Luis Fernando Veríssimo


            Os 800 mil industriais que, segundo Mario Amato, sairão do País se a esquerda vencer as eleições devem se precaver – pois do jeito que vai qualquer coisa pode acontecer no dia 15 de novembro – e ir preparando o seu êxodo. Ele deve ser organizado, e em vez de cada um pegar a família e as trouxas e rumar para o consulado mais próximo os 800 mil podiam se cotizar e comprar uma área, por exemplo, no meio-oeste dos Estados Unidos, onde fundariam a cidade de Brasileira, que com mais de três milhões de habitantes (supondo-se que cada industrial leve em média quatro dependente) e 800 mil indústrias já começaria a vida como um dos mais fortes pólos econômicos da América. Brasileira seria o Brasil dos sonhos dos 800 mil industriais do Amato. Ou seja, o Brasil sem o PT, sem a CUT, sem o nosso atraso e os nosso políticos – e com o dólar legal. É verdade que os 800 mil industriais encontrariam algumas dificuldades. Não conseguiriam mão-de-obra adequada, com os sindicatos americanos em questões como salubridade e segurança nos locais de trabalho. Suas margens de lucro teriam que ser reguladas pela perspectiva média do mercado, não pelo máximo suportável, sempre uma reciclagem dolorosa. Sua tendência para a formação de cartéis informais e alguns dos seus hábitos contábeis seriam reprovados pelo governo americano. Em pouco tempo bateria a saudade – ah o sol, o samba, o over – e não demoraria muito para que alguém propusesse um êxodo de volta. A esquerda no poder, à distância, não pareceria tão ruim. Voltariam todos.
            E, na chegada, um porta-voz daria as razões do retorno.
            - Sei lá. Não nos adaptamos ao capitalismo. 



quinta-feira, 12 de julho de 2012

Chupa Kassab, vai Corinthians!

No dia 4 de julho o Corinthians finalmente ganhou a Libertadores da América. Eu desci com o pessoal pra Av. Paulista e gritei até ficar rouco. Durante o dia a prefeitura tinha proibido a comemoração nesta via, mas nada pode conter a torcida. Assim, uma das piadas da noite foi xingar o prefeito. Chupa Kassab!


quinta-feira, 28 de junho de 2012

El juego del Pato

Os grandes clubes do futebol argentino são muito conhecidos no Brasil e sempre se relata a forma como a torcida desse país é apaixonada e intensa. Os argentinos são nossos grandes adversários no esporte bretão. O que quase ninguém sabe é que a Argentina tem um esporte oficial, declarado "El juego nacional", e ele nada tem a ver com as peladas.

O Juego del Pato, ou simplesmente Pato, é um esporte praticado sobre cavalos onde o objetivo é arremessar uma "bola com asas" (o pato) dentro de um aro metálico fixado em uma haste de 2,40 m. 

                                                                                   Bola com asas, o "pato"

Criado em meados do século XVI, o Pato era uma competição sem regras definidas e muitas vezes violenta, disputada entre estâncias rivais nos pampas argentinos, causando acidentes e mortes. O jogo chegou a ser proibido diversas vezes, sendo que a igreja católica declarou em 1796 que quem morresse jogando o Pato não tinha direito a um enterro cristão. 

O jogo foi regulamentado na década de 30, tendo herdado várias regras do Polo. Ele viveu seu auge de popularidade nos anos 40 e 50, quando foi criada a Federación Argentina de Pato e o esporte foi declarado como um dos símbolos da pátria pelo próprio Perón. Hoje ele ainda é bastante praticado no interior do país. 

Por que o nome é Pato? Nos primórdios do jogo, no lugar da bola com asas, as disputas eram travadas com um pato vivo!







terça-feira, 12 de junho de 2012

Introdução

Hoje entrei na biblioteca da Fesp (Fundação Escola de Sociologia e Política de SP) e procurei um livro no sistema de buscas. Não encontrei. Fiz uma pesquisa por assunto e obtive como retorno mais de 20 páginas listando áreas muito variadas. Passei então a manejar a barra de rolagem com certa displicência, até que um título me chamou a atenção: Introdução a Praxeologia. O que será isso? Não sei nada sobre esse assunto!

Refiz a pesquisa, dessa vez com a palavra introdução. Anotei os código para achar os livros nas prateleiras (330.09 L123s, e coisas do tipo), sai vagueando por entre as gôndolas e logo estava sentado com uns dez livros à minha frente, lendo prefácios sobre coisas como Contabilidade Social, Cultura Humana e Biblioteconomia. Puxa, quanta coisa sobre a qual eu não sei absolutamente nada e que tem muita gente por aí dedicando toda uma vida. Saí jactante da biblioteca com dois volumes, uma introdução à Lógica e outra à Administração de Empresas. Não sei o que vou fazer com eles.

E o de Praxeologia? Bem, eu descobri que ela é a ciência que tenta entender a ação humana e como determinados comportamentos levam a certos resultados. Achei melhor deixar pra lá.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Esquerda?

Posicionamento político é algo complicado hoje em dia. Eu gosto de me definir como de esquerda, mas não sei o quanto é possível definir algo dessa maneira. Os amigos mais radicais me chamam conservador, de liberal e capitalista (adoram ressaltar o fato de eu trabalhar no banco). Aqueles que se encontram mais a direita me classificam como radical, petralha ou comunista (e também adoram ressaltar o fato de eu trabalhar no banco...).

Eu particularmente gostaria de um país mais igualitário. Essa é a palavra. A gente aprende que o Brasil é marcado por graves desigualdades sociais, com uma grande concentração de renda. Acho que todo mundo sabe disse e todo mundo sabe que não é bom.

Agora, dizer qual é a receita para atingir esse objetivo eu não me atrevo. Acho que fórmulas dogmáticas não funcionam na política. Tanto as de direita quanto as de esquerda. Entretanto, tenho para mim que certas coisas são justas e corretas e às vezes me assombra que nem todos concordem comigo. Assim defendo o direito ao aborto, cotas sociais e raciais, uso social da mídia, educação de qualidade, direito à moradia digna, fim do latifúndio, entre outras coisas que deixariam o país mais igualitário. Gosto do debate político e aceito novas ideias, desde que se saiba defendê-las.

sábado, 21 de abril de 2012

Paraguai

Comentei certa vez que gostaria de ir até o Paraguai. As pessoas logo associam tal viagem a compras. Compra de muambas na Ciudad del Este. Mas não é possível que um país reserve tão pouco. Como podemos saber tão pouco de um lugar com o qual dividimos fronteiras e fazermos constante comércio?

Na escola eu fui um pouco ensinado a ter uma certa culpa pela destruição do Paraguai na Grande Guerra (como os paraguaios chamam o conflito de 1865-70). Agora sei que não é bem assim que a história anda. Mas é um conflito marcante para nós também, foi nossa única guerra. De resto o exército brasileiro sempre foi uma força para conter conflitos internos e manter o país unificado, feito no qual foi surpreendentemente bem sucedido. 

Que referências temos do Paraguai? A primeira que me vem a memória é galopeira, que nos ensina a capital do Paraguai desde cedo: "Foi num baile em Assunção, capital do Paraguai, onde eu vi as paraguaias sorridentes a bailar..."

terça-feira, 6 de março de 2012

Bicicletaço


São Paulo, 06 de março de 2012. Manifestantes transformam todas as faixas da avenida Paulista em faixas para ciclistas.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Queria fazer um texto grande e contar minha experiência de primeiro dia no Peru, mas não consigo entender este teclado com configuração estranha...

Impressões:
1- O Peru parece o Brasil do início dos anos 90 que vemos na TV
2- As praias são de pedra.
3- Os ônibus são muito velhos, sucata.
4- O trânsito é muito ruim e o pedestre não tem direito a nada.
5- A neblina nos perseguiu.
6- Não existe padrão para os táxis.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Estranha partida

Escrevo correndo, como sempre estou atrasado. Amanhã cedo parto pra Lima. Meu voo está marcado para 7:40. Para facilitar as coisas combinei de dormir na casa do Batatinha, sendo que o pai dele leva a gente até o aeroporto. Fiquei de sair daqui 8:30 e já são 10h.

O dia foi estranho. Claro que deixei pra fazer várias coisas em cima da hora. Dormi mal. Acordei resfriado. Tinha que deixar tudo pronto no trabalho e as coisas surgiam de todos os cantos. Havia marcado dentista e precisava comprar dólares. Sim, deixei pra compra dólares um dia antes de partir. Um pouco esperado o preço melhorar, um pouco por que é o tipo de coisa que eu faço.

A dentista fez a pior limpeza que meus dentes já tiveram. Durou uns 10 minutos, sendo que uns 5 foram para o fluor. Por sorte no mesmo prédio da sacana havia uma casa de câmbio. R$ 1,82 por dólar. Mais barato do que eu havia cotado.

Cheguei em casa a noite com a mochila por terminar. Lembrei-me de que ainda tinha que trancar um mês de academia. Desci lá e no caminho passei pela Martins Fontes. Comprei um livro de bolso com uma coletânea do Fernando Sabino. Eis meu companheiro de viagem.

Academia, beirute na padoca e farmácia (to ficando hipocondríaco). Quando vou pagar percebo que estou sem meu cartão de crédito, que tinha dado o maior trabalho pra habilitar pra uso no exterior. Por sorte consegui achá-lo na livraria.

Fiz a mochila, mas senti falta de divisões para guardar pequenas coisas. Resultado: resolvi levar duas. E ai recebo uma mensagem me informando que a praia do carnaval que estava praticamente miada vai dar certo. E tudo se ajeita. E eu me sento aqui e digito um monte de baboseiras e, sem nem reler, clico em "publicar".



quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Peru - Bolívia I

E eis que depois de anos sonhando em fazer um mochilão pela América do Sul finalmente vou tirar essa viagem do plano das ideias e trazê-la para realidade. Em 04 de fevereiro embarco para uma viagem de 16 dias, começando pelo Peru e terminando na Bolívia. Como companheiro de viagem segue comigo o velho amigo Guilherme Augusto, o Batatinha.

Vai ser uma correria. Saio dia 4 de São Paulo, chego a Lima no Peru ainda de manhã. Permaneço em Lima até dia 6, quando parto para Cuzco, o umbigo do mundo. Dia 9 de fevereiro andarei pelas ruínas de Machu Picchu. Entre Cuzco e La Paz conheceremos Puno, o lago Titicaca, a Ilha do Sol, entre outras cositas. Chegaremos a La Paz por volta do dia 12. De La Paz vamos ao Salar do Uyuni, voltamos e partimos de volta para São Paulo. Vai ser muito foda, tenho certeza. Não há um minuto a perder.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Ano novo, vida nova?

E eis que começa 2012. Um ano em que teoricamente deveríamos ter carros voadores e viagens populares até a lua. O futuro que homens dos anos 60 previram não chegou. Entretanto, nenhum deles pensou em transferência de dados sem fio, smartphones ou no tecnobrega. A vida foge da previsão dos maiores ficcionistas e teóricos da humanidade, quem você pensa que é pra fazer promessas de ano novo e achar que elas dependem apenas de você?

Me lembro do filósofo Spinoza, e sua liberdade determinada. Para ele nós somos formigas andando em um tronco sendo levado por um rio. Podemos andar livremente sobre a superfície do tronco, mas não podemos mudar o curso das águas. No ano que acabou eu fiz diversos planos. Tomei as iniciativas e outras coisas totalmente inesperadas aconteceram. Nem todas foram boas, mas eu prefiro sempre olhar o lado positivo, afinal de contas, do que vale reclamar?

Em 2012 eu quero, mas uma vez, tentar ler alguns livros e ver alguns filmes que estão na lista de espera já faz um tempo (o 2666 que eu ganhei está intocado até agora e o Lavoura Arcaica eu baixei há uns 2 anos), quero ir sério na academia, fazer meu inglês sair do limbo, crescer como profissional, criar mais, conhecer mais. De certa forma é o mesmo que eu desejava há um ano.

Já fazia mais de 6 meses que eu não escrevia nada aqui, e não existe nenhuma razão para isso: é algo que eu adoro fazer. Como espasmo de ano novo deixei algumas palavras fluírem. Provavelmente eu pare outra vez. Quem sabe?