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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Duas histórias

             Estou com uma amiga no teatro. Começa um monólogo cheio de tensão, com o ator parado ao lado de uma cama de hospital com a cara mais lúgubre do mundo. Ele começa a descrever o “desaparecimento” de sua mulher, sua solidão no mundo, a rejeição na sociedade. Explica que é suspeito de um crime hediondo. No auge da agonia ele relata como sua mãe foi atropelada e morreu na sua frente, quando ele tinha apenas sete anos. Nesse momento minha amiga se aproxima da minha orelha e sussurra: 
- Eu acho que esse cara ta com algum problema...

                                                                     ***

            Entro numa dessas lojas que o paulistano chama de doceria, mas que só vendem coisas industrializadas (O bom caipira sabe que uma doceria tem doces caseiros, sobretudo quindim). Pergunto pra um dos vendedores onde encontro um saco de Sonho de Valsa e ele grita para um colega do outro lado da loja:
           - Zé, mostra o Sonho de Valsa pro rapaz! Atravesso a loja até o lugar onde o Zé está e pego o bombom. Pergunto pro Zé onde tem pirulito. Ele se vira pro primeiro cara e grita:
           - Cidão, mostra o... para, com o braço estendido, pensa por um segundo e completa: “saco de pirulito pro rapaz”.

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