Ubiquidade
Ubicuidad
Ubiquity
Ubiquité
Ubiquità
遍在; よく出会うこと; キリストの遍在
s.f. Palavra difícil em várias línguas.
Ubiquidade
Ubicuidad
Ubiquity
Ubiquité
Ubiquità
遍在; よく出会うこと; キリストの遍在
s.f. Palavra difícil em várias línguas.
Você está vindo do interior pra capital e precisa de lugar pra morar. Está saindo da casa de seus pais, ou vem de um aluguel no interior e não sabe o que te espera pela frente. Passei por isso há alguns meses e descobri na prática certas coisas que gostaria de saber antes de chegar a São Paulo. Aqui vão minhas dicas pra alugar AP por aqui:
1- Esteja preparado para arrumar fiador com imóvel na capital.
A primeira coisa importante a se saber é que a grande maioria das imobiliárias aceita apenas fiador que tenha imóvel na cidade de São Paulo. A desculpa geral é que em caso de inadimplência o proprietário teria que se deslocar até o interior. A alternativa quase sempre é o Seguro Fiança, que custa mais ou menos um alugue meio e tem que ser renovado todo ano. Dificilmente alguém vai aceitar outras formas de fiança, como cheque calção ou depósito.
2- Tenha a documentação em mãos.
Caso você já tenha um fiador, deixe a papelada em ordem. Provavelmente você vai precisar da cópia da escritura definitiva do imóvel acompanhada dos registros imobiliários e carnês de IPTU do último ano, cópia do CPF e RG, um comprovante de residência e um de renda. Além dos documentos do cônjuge do fiador. Com papelada em mãos você pode garantir logo o imóvel.
3- Não confie nas imobiliárias
Um número enorme de pessoas chega a São Paulo todos os dias procurando onde morar. Fora os problemas com inadimplência (contornados com fiador e seguro), a coisa é fácil pras imobiliárias. Então, nunca ache que elas vão retornar ligações pra você ou que o imóvel está ‘reservado’. A primeira pessoa que sentar na mesa de um corretor com a documentação em mãos leva sua reserva.
4-Onde?
Não posso ajudar muito nesse aspecto. Cada caso tem suas peculiaridades e o fator preço conta muito. Mas um conselho genérico é ficar, se possível, a no máximo meia hora do trabalho usando o transporte coletivo. São Paulo já vai roubar seu tempo e se você perder 3 horas por dia no trânsito não vai fazer mais nada. E pelos congestionamentos e pelo preço do estacionamento, carro não vale à pena. O metrô é ideal, mas cuidado, ele encarece os alugueis. Além disso, lugares onde milhares de pessoas trabalham hoje, como a região da Berrini, não tem acesso por metrô. Portanto, vale à pena verificar se existe à sua disposição uma linha de ônibus tranquila (sim, elas existem).
5-Quanto?
Mas uma difícil de citar. Vai do bolso de cada um. Mas vi muitos anúncios ridículos enquanto procurava, e imagino que alguém deva acabar optando por um deles no susto, portanto, falando em preço final (aluguel + condomínio + IPTU) não considere pagar R$ 800,00 numa kitchnet na República, Não pague R$ 1.000,00 num apartamento de
6- Conte pra todos
Isso ai, conte pra todo mundo que você está procurando apartamento. Encha o saco dos parentes, colegas, amigos, coloque na internet, coloque no mural do trabalho, enfim, comunique ao mundo. Alguém sempre sabe de algum lugar em São Paulo.
7- Use vários meio de informação.
Nas bancas de São Paulo (pelo menos quando eu procurava) havia apenas um jornal de classificados de imóveis. Ele é legal porque oferece a oportunidade de negociar diretamente com os proprietários. Os sites são bons, mas são inflacionados, devido à grande demanda. Procure também a lista telefônica e ligue para as imobiliárias que atendem o bairro onde você tem interesse de morar e gaste algumas horas no telefone.
Bem, acho que é isso. Só pra compartilhar a experiência. Espero que ajude alguém.
PS: tomem extremo cuidado com a Imobiliária Painel, de Santana, que foi de longe a mais antiética de todas com a que eu me deparei.
Crônica que eu mandei para o concurso cultural BB 2010. Ganhei uma menção honrosa e um fim de semana no Rio de Janeiro, com acompanhante!!! É muito bom ter ficado entre os 30 selecionados em meio a 343. O texto é um tanto quanto amargo. Acho que expressa os sentimentos de um recém chegado à metrópole:
O Brás é cinza. Suas calçadas se misturam às paredes das fábricas, aos postes e ao céu, formando uma grande massa monocromática. Até o preto do asfalto e dos fios que riscam o horizonte por toda a parte é fosco. O ar é encorpado, cansa os olhos e os pulmões, transportando o odor de esgoto junto à massa de poluição da cidade. Espremidos entre barracões, há prédios realmente delgados, com a face da rua comportando somente uma janela pequena, dando a impressão de que o edifício é formado por uma série de corredores empilhados. Alguns deles são adornados por pastilhas multicoloridas. Mesmo esses são cinzas. Na maioria das calçadas, homens, mulheres e crianças travam uma luta diária pela existência, habitando onde ninguém deveria habitar, comendo onde ninguém deveria comer, fazendo algum canto de banheiro e algum cimento de cama. Esses já estão definitivamente cendrados.
Foi no Brás que encontrei minha primeira casa em São Paulo e foi no Brás que eu comecei a presenciar a população batalhando com a cidade por espaço. Lá, tentando ganhar a vida na capital, três bons amigos dividiam um apartamento de
No primeiro dia em que fui trabalhar no centro da metrópole entrei na estação de metrô do Brás por volta das 07h30min. Ali a linha vermelha sentido zona leste-centro, notoriamente a mais lotada, recebe o influxo de três linhas de trens metropolitanos. Eu nunca havia visto tantas pessoas juntas tentando tomar uma condução. A sensação foi de pavor. Uma verdadeira agorafobia. Na linha vermelha, no horário de pico, é quase impossível se mexer. Não dá pra coçar o nariz. Se um braço é levantado, só vai ser abaixado quando o passageiro sair do vagão. É nesse momento que você nota que as pequenas telas de LCD pendendo do teto apresentam imagens de lugares paradisíacos do Brasil, geralmente uma bela praia, com o título de "Preferia Estar", promovendo a maior piada de mau gosto do metrô.
Os paulistanos enfrentam a superlotação com distanciamento, da mesma maneira que um alcoólatra enfrenta a vida. Se estão desacompanhados, olham para o nada até o destino, como se estivessem a sós no vagão, ou em um lugar longínquo. Se estão com alguém, conversam sem qualquer discrição, falando alto os assuntos mais privados, como se estivessem em um local reservado: No trem lotado os paulistanos viajam sozinhos.
Esse distanciamento é o sintoma principal da vitória da cidade. Após os medos e desencantos iniciais, os prédios, as avenidas, os trens e as pessoas passam a ser apenas coisas produzidas do mesmo material. E se passa a enxergar toda a cidade como o Brás, e toda fila como mais uma parte do dia e todo pedinte como mais uma parte da vida. A rotina em São Paulo é uma besta dissimulada e persistente, que ganha por meio do cansaço. Ela suga suas cores dia após dia, consumindo tudo em fogo brando, e, de repente, você se observa no espelho e vê apenas cinzas.